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Realmente, ser modesto não era o forte do pintor José Antônio da Silva, nascido em 1909 na cidade de Sales de Oliveira, interior paulista.
Trabalhador rural, na infância conduzia bois junto com o pai. Por isso, a imagem de destes animais sempre esteve muito presente em sua obra. Viveu de fazenda em fazenda, e há dúvidas sobre quando começou a pintar.

O certo é que em 1930 Antônio foi para São José do Rio Preto, onde fez sua primeira exposição em 1946 e foi “descoberto” pelos críticos Paulo Mendes de Almeida e Lourival Gomes.
Estes se empenharam para trazer sua obra para São Paulo, o que aconteceu em 1948, ano de sua primeira exposição individual na Galeria Domus. O sucesso foi grande e entre os compradores de sua obra estava Pietro Maria Bardi, que adquiriu 10 quadros para o Museu de Arte de São Paulo.

Foi aceito para a primeira Bienal, em 1951, teve um quadro seu incorporado ao acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York, fez exposições internacionais. Mas sua mais célebre exposição talvez tenha sido a que não participou: a quarta Bienal. Deixado de fora pelo júri, que incluía Lourival Machado, Silva ficou profundamente chateado e irritado. Certa noite acordou e disse à sua esposa que iria matar os membros do júri. No entanto, ao invés de fazê-lo literalmente, foi para seu ateliê e pintou o enforcamento dos cinco membros (O Enforcamento do Júri, 1967, Museu de Arte Primitivista José Antônio da Silva). Em cima da forca, uma figura que lembra Jesus Cristo e que segura uma plaqueta: “A justiça divina não falha”. Fios ligam o pescoço dos enforcados a uma figura ao lado, representando o inferno: “Aqui é o esquinto (sic) dos infernos”. Abaixo dos enforcados, a frase: “(...) o mesmo crítico que mi (sic) deu o título de maior primitivo brasileiro foi o primeiro a me jogar fora da Bienal(...)”.

Talvez esta obra resuma um pouco da personalidade e obra controvertidas de José Antônio da Silva que, em 1980 recebeu um museu em sua homenagem: o Museu Municipal de Arte Primitiva José Antônio da Silva, em São José do Rio Preto, São Paulo.



José Antônio Silva morreu em 1996, na cidade de São Paulo.
Cronologia
1909 – Nasce na cidade de Sales de Oliveira, São Paulo;
1931 – Muda-se para São José do Rio Preto;
1946 – Participa da exposição inaugural da Casa de Cultura de São José do Rio Preto, onde é “descoberto” por críticos;
1948 – Faz sua primeira exposição individual, na Galeria Domus, em São Paulo;
1949 – Publica o livro “Romance de minha vida”, editado pelo MAM/SP;
1951 – Participa da I Bienal Internacional de São Paulo;
1952 – Expõe na XXVI Bienal de Veneza;
1966 – Grava os LPs “Registro do Folcore mais autêntico do Brasil”;
1967 – Pinta o “Enforcamento do Júri”, em protesto por ter sido deixado de fora da quarta Bienal Internacional de São Paulo;
1970 – Exposição individual no MAM/SP;
1978 – Curta-metragem dirigido por Augusto Calil: “Quem não conhece o Silva?”;
1980 – É fundado o Museu de Arte Primitiva José Antônio da Silva, em São José do Rio Preto;
1990 – Prêmio de melhor retrospectiva da APCA;
1996 – Morre na cidade de São Paulo.
*FOTO: Catálogo da Exposição Silva: Pinturas 1947 / 1995 (Pág. 11). Pinacoteca; São Paulo, 1999.
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